Fotos: Lucas Amorelli (Diário)
Os cerca de 13 mil medicamentos comercializados no Brasil foram divididos em três grupos de reajuste. Cada um pode ter um percentual diferente.
Todo ano é a mesma coisa. É só recorrer a uma farmácia no país, que lá estará um aviso bem destacado: "antecipe as suas compras antes do reajuste anual dos medicamentos". Quem foi até alguma farmácia nesses primeiros dias do mês de abril já sentiu a diferença no bolso ao passar pelo caixa. Isso porque os preços dos medicamentos foram reajustados.
O governo federal autorizou correção de até 2,84% no preço dos remédios para 2018. A medida vale desde o dia 1º de abril, e os fabricantes já estavam autorizados a aumentar os valores em 2,09%, 2,47% ou 2,84%, dependendo do perfil de concorrência da substância (veja a lista completa abaixo). Em uma pesquisa com as principais redes de farmácias em Santa Maria, o Diário que o repasse dos reajuste ao consumidor ocorre de diferentes formas. Confira a situação nas redes:
- Agafarma _ Preços antigos serão mantidos até o dia 15 deste mês
- MB Farmácias _ Os preços antigos serão mantidos enquanto durarem os estoques de remédios comprados antes do reajuste
- Panvel _ O preço de todos os medicamentos foi reajustado no dia 1º de abril
- Reni Farmácias Associadas _ Preços antigos serão mantidos até o final do mês de abril
- São João - Preços antigos serão mantidos até o dia 10 de abril
- Tchê Farmácias _ Ainda não reajustou o valor dos medicamentos e não há definição sobre quando ocorrerá o aumento
- Remex _ Preços antigos serão mantidos até o dia 10 de abril
ÍNDICE DE REAJUSTE POR GRUPOS
Com base na concorrência de mercado, os cerca de 13 mil medicamentos (clique aqui e confira a lista) comercializados no Brasil foram divididos em três grupos de reajuste. Cada um pode ter um percentual diferente. Confira:
O primeiro, no qual ficam produtos de maior concorrência, como os medicamentos indicados para gastrite, irritações na garganta e para tratamento da ansiedade, poderão ser aumentados em até 2,84%
Já o segundo grupo, em que estão os antibióticos, os remédios para disfunção erétil, analgésicos não narcóticos e os anticoncepcionais, e que apresentam concorrência moderada, terão crescimento de até 2,47%
Já o terceiro grupo conta com produtos de maior custo, como medicamentos para AVC isquêmico, remédios indicados para câncer de próstata e medicamentos antitrombóticos, de baixa concorrência e alta tecnologia e, por conta disso, com menor percentual de variação de preços, de 2,09%
IMPACTO NO BOLSO
Sabendo do aumento, a funcionária pública Vânia Alice Cargnin, 56 anos, foi garantir, ontem, dois medicamentos de uso contínuo.
_ Não concordo com o aumento, tudo sobe, mas o nosso salário, não. Eu sei que vai aumentar, por isso, já garanti dois tipos, mas acho que vou voltar depois para comprar pelo preço antigo _ comentou Vânia.
O aposentado Ademar Ferreira, 70 anos, esteve em uma farmácia de Santa Maria, ontem à tarde, para comprar um colírio de uso contínuo. Ele concorda com o reajuste porque, segundo opinou, outros setores como água e luz também têm os preços reajustados.
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O REAJUSTE
A decisão foi publicada em edição extraordinária do Diário Oficial da União (DOU) na semana passada em resolução do cálculo feito pela da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed), órgão vinculado à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Os índices estão abaixo da inflação de 2017, que foi de 2,63%. A definição do valor leva em conta a inflação, a produtividade da indústria e a concorrência do mercado. O teto para o aumento é calculado com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O índice dá a medida da variação de preços ao consumidor final e é a referência para a inflação no país.
Segundo o Ministério da Saúde, o reajuste médio dos medicamentos deve ser de 2,38%. Os aumentos levam alguns dias até serem repassados pelas redes, período que pode ser de 30 a 40 dias, dependendo do estoque, se já foi comprado antes do reajuste.
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Embora seja relativamente baixa, a correção no preço dos medicamentos serve de alerta para que o consumidor refaça suas estratégias para pesquisar e comprar. Afinal, trata-se de uma das áreas de consumo que mais pesam no orçamento dos brasileiros: por ano, são gastos R$ 65 bilhões em medicamentos no país, conforme a Anvisa, numa média de R$ 342 por pessoa.